sábado, 21 de noviembre de 2020

VIDA FINGIDA

 

E lá se vai a vida à bordar sorrisos na nossa cara 

São sorrisos forçados 

Ensaiados para a florista ou o padeiro 

Na verdade, cá dentro d'alma 

Onde tudo realmente acontece 

As angústias sangram qual ferida profunda 

O medo do fracasso nos amedronta 

E aqueles que nos vêem assim 

Sorrindo assim 

Não imaginam quantos dragões já matamos 

hoje por este riso de palhaço. 

Mas seguimos 

As correntezas dos riachos correm 

Canarinho canta no galho da mangabeira 

As ondas, eternas, beijam as areias de Itaparica. 

E não há de se dizer que somos infelizes! 

Não somos 

É que não somos felizes! 

(Paradoxos de um poeta louco)

Nos falta a carícia de amor no rosto cansado 

Ser a saudade que aperta o coração de alguém 

O brilho no olhar de quem realmente nos olhe e nos veja! 

E há tanta solidão neste fingir 

Acendemos mais um cigarro 

Para não apagar esta existência mesquinha 

Não dá cabo dessa respiração intrecortada 

Por um sobressalto ou outro 

Por uma fobia ou outra 

Por um sorriso morto 

...ou outro! 

Somos todos palhaços 

Ansiosos para subir ao palco

E fazer suscitar um riso 

Nem que seja na cara de um outro palhaço. 


Paula Cristina Conceição -Portugal- 

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