jueves, 19 de noviembre de 2020

MINHA FANTASIA

 

Minha fantasia é amar-te

Como ainda nunca amei

Com toda a liberdade

Ousadia e veracidade

Ver-me refletida nos teus olhos

o sagrado

Embrionário e ansiado

Desejo meu.


Teus lábios que ainda não provei

Abraços que nunca abarquei

Pele fugidia, arisca ao meu toque

Céus azuis, vôos de andorinhas

Sonho etéreo, surrealidade

Um quadro de Picasso.


Um coito ao estilo Kafikaniano

Ousado para qualquer parâmetro

Incapaz de ser imaginado

Braços em nós, entrelaçados

Membro túrgido, penetrado

Punhal quente, úmido _ fincado

Toque profundo, marcado

Seiva que se derrama da minha fenda.


Um enlace como o dos loucos

Que desconhecem o sentir ameno

No desvario do possuir-se por completo

No gozo postergado, ainda que certo

Com que se conjuga uma eternidade

Em instantes soberbos e desregrados

Ausência do temor pelo pecado

No devorar da hóstia proibida.


O amor que só conjuguei no verso

Quando só no poema confesso

É o sentir inocente e perverso

Que quero entregar-te à luz da lua

Despida de toda minha ambiguidade

Dos traumas, alforriada

Das leis desobrigada

É o sentir que lhe darei

Do entardecer à madrugada.


Quando então repousarei

Depois deste amor consumado

Com toda a indulgência

No teu ventre adorado.


Paula Cristina Conceição -Portugal-

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