jueves, 24 de diciembre de 2020

VIVO NO LIMBO DA VIDA


Sou caravela perdida em alto mar. Sem sinal de terra, sem astrolábio, sem sextante, sem outra embarcação à vista... só as ondas do mar inquieto me cercam. Olho para trás. Espero sinal do caminho perdido. De ti, só a ausência marca o compasso do tempo. Não há regresso e também não há destino. Sou viajante dessa memória roída pelos dentes amarelos do tempo. Os ventos calados esperam a ação a que se negam. Morrer ou viver? No vazio que me rodeia, perde a esperança o ânimo. Nem a tempestade formada nos ares adivinha o desfecho. Ergo meu ser em cumes de montanhas ou caio nas entranhas mais profundas. E há o limbo... que é morte. Tudo é interrogação, tudo é luto... mas tudo é vida também.

Fátima Nascimento

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