miércoles, 12 de junio de 2013

O PAPEL

Eu sou o papel - o capacho do lápis,
Branco e tímido, abusado e usado
por falsos poetas e erros gramaticais,
estendendo-me, faço mesuras para o seu traçado.

A imaculada alvidez se desfaz num segundo.
Do grafite, um traço ou um simples passo,
para fim mais imoral e mais adotado,
que é o me passar pelo regaço.

Eis, no entanto, a volta:
se mal me fazem e mau uso me dão
tenho a alegria de gritar que é tudo culpa de um cuzão.

Cabe-me no entanto o fiel destino,
ser portador de cantos de amor
e o guardanapo do intestino.

GUSTAVO TOGEIRO ALCKMIN

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