E lá se vai a vida à bordar sorrisos na nossa cara
São sorrisos forçados
Ensaiados para a florista ou o padeiro
Na verdade, cá dentro d'alma
Onde tudo realmente acontece
As angústias sangram qual ferida profunda
O medo do fracasso nos amedronta
E aqueles que nos vêem assim
Sorrindo assim
Não imaginam quantos dragões já matamos
hoje por este riso de palhaço.
Mas seguimos
As correntezas dos riachos correm
Canarinho canta no galho da mangabeira
As ondas, eternas, beijam as areias de Itaparica.
E não há de se dizer que somos infelizes!
Não somos
É que não somos felizes!
(Paradoxos de um poeta louco)
Nos falta a carícia de amor no rosto cansado
Ser a saudade que aperta o coração de alguém
O brilho no olhar de quem realmente nos olhe e nos veja!
E há tanta solidão neste fingir
Acendemos mais um cigarro
Para não apagar esta existência mesquinha
Não dá cabo dessa respiração intrecortada
Por um sobressalto ou outro
Por uma fobia ou outra
Por um sorriso morto
...ou outro!
Somos todos palhaços
Ansiosos para subir ao palco
E fazer suscitar um riso
Nem que seja na cara de um outro palhaço.
Paula Cristina Conceição -Portugal-
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